quinta-feira, 24 de junho de 2010

Historiador também lança cordel sobre a escravidão na região


"A História do Preto Pio e a fuga de Escravos de Capivari, Porto Feliz e Sorocaba" é um cordel paulista, com temáticas e forma desvinculadas da tradição nordestina. Lançado no final de novembro por Carlos Carvalho Cavalheiro, narra a fuga de escravos ocorrida em Capivari em outubro de 1887, liderada por Preto Pio, que morreu lutando pela liberdade na Serra do Cubatão, quando se dirigia ao Quilombo do Jabaquara. De acordo com o autor, essa fuga teve repercussões importantes para a campanha abolicionista.





Historiador lança cordel sobre a escravidão na região

O historiador e pesquisador sorocabano Carlos Carvalho Cavalheiro

"A História do Preto Pio e a fuga de Escravos de Capivari, Porto Feliz e Sorocaba" é um cordel paulista, com temáticas e forma desvinculadas da tradição nordestina. Lançado no final de novembro por Carlos Carvalho Cavalheiro, narra a fuga de escravos ocorrida em Capivari em outubro de 1887, liderada por Preto Pio, que morreu lutando pela liberdade na Serra do Cubatão, quando se dirigia ao Quilombo do Jabaquara. De acordo com o autor, essa fuga teve repercussões importantes para a campanha abolicionista.

Cavalheiro explica que os escravos saíram das fazendas de Capivari e se dirigiram à caminho de Santos, onde, na Serra do Mar, havia o Quilombo Jabaquara. "A caravana de escravos passou por Capivari, Porto Feliz, Sorocaba, São Paulo e Santos. Na Serra de Cubatão, os escravos foram abordados por soldados do exército. Pio matou um dos soldados e foi fuzilado pelos outros. A autópsia no corpo de Pio, realizada em São Paulo, revelou que o escravo caminhava e lutava sem se alimentar nos últimos três dias. Estava faminto quando morreu", conta no livro.

Por causa dessa fuga, em novembro de 1887 o Clube Militar enviou uma carta ao imperador recusando-se a caçar escravos. Também, na mesma época, chegavam trabalhadores (especialmente belgas) em Porto Feliz. Em 25 de dezembro de 1887, Sorocaba declarou-se livre da escravidão. Somente no ano seguinte, em maio de 1888, foi declarada extinta a escravidão no Brasil. "Ainda faltam muitas pesquisas sobre a escravidão na região de Sorocaba e do Médio Tietê e esse Êxodo de Capivari é um exemplo: não obstante a sua importância, muito pouco se falou a respeito. Talvez porque daí se evidencie a luta do próprio negro por sua emancipação. O negro se torna protagonista da luta pela liberdade o que vai de encontro com a idéia de que a abolição foi obra política realizado pelos não-negros", afirma Carlos.

Para o pesquisador, a fuga de escravos de Capivari - chamada por José do Patrocínio de Êxodo de Capivari -, foi um importante passo dado pelos escravos para o fim da escravidão no Brasil. "E, é importante ressaltar, que essa luta específica foi obra dos próprios escravos. O cordel, desse modo, recupera a história da participação ativa dos negros na luta por sua própria liberdade. Recupera ainda a figura do líder Preto Pio, tão emblemática e importante quanto a de Zumbi, com a ressalva de que o escravo Pio era da região (Médio Tietê) e de história mais recente em relação a de Palmares", esclarece.

A história do Preto Pio foi brevemente tratada no livro do mesmo autor, lançado em dezembro de 2006, intitulado "Scenas da Escravidão - Breve ensaio sobre a escravidão negra em Sorocaba" e, ainda, nos livros "Perseverança III e Sorocaba", de José Aleixo Irmão; "A escravidão no Brasil", de Jaime Pinsky e "A Marcha" de Afonso Schmidt. Este último é provavelmente o livro que traz maiores informações sobre esse episódio esquecido de nossa história.

O cordel "A História do Preto Pio..." tem 19 páginas e pode ser adquirido nas livrarias Pedagógica e Sebo Nacional, e na banca de jornal do Fórum Velho, além de livrarias e bancas de jornais de Porto Feliz.

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