sexta-feira, 3 de junho de 2011

Entrevista das Ruas: Crônica Mendes



1. Como você vê hoje a cena da literatura periférica e qual a importância na sua opinião; desse movimento?




Crônica Mendes: Bom a literatura periférica é mais uma conquista para nós, se antigamente as músicas não retratavam o nosso cotidiano, e ai o rap nasceu como um grito e passamos a cantar nossa vida por nós mesmo, com a literatura foi da mesma forma, se os livros do meu tempo de escola não falavam da gente nossa, nossas origens, nossa vida, nossos sonhos, com a literatura periférica nos passamos a escrever com nossas próprias mãos a nossa história. Isso mostra o quão a periferia é um berço da arte brasileira, o rap sempre incentivou os estudos, sempre poetizou os sonhos nas letras, desde sempre a literatura é presença marcante em várias letras, e de uns tempos pra cá essa literatura respira dentro e fora das letras de rap, como um movimento, formando uma nova celular de conhecimento, resistência e expressão da periferia.



2. Quais são suas referências hoje na Literatura e no Rap?



Crônica Mendes: Minhas referências são meus grandes amigos, e que eu gosto muito de chamá-los de professores, pois essa é a mais pura verdade. Pessoas incríveis como Sérgio Vaz, Nelson Maca, o livro do GOG também é muito bom, o poeta Fuzzil, gostei muito do livro ‘De que lado você está’ do André Ebner, gosto de ler nos blogs de vários escritores, poetas e atrevidos da escrita como eu, gosto muito de ler os devaneios Nina Fideles, aprendo muito com essas pessoas. No rap, sigo com quem sempre esteve comigo, Racionais, GOG, Realidade Cruel, Consciência Humana, essas são algumas das minhas referências, mas gosto do novo também como Jairo Periafricania, Versão Popular, Kiko Santana, poxa tem muito grupo bom que a gente sempre conhece nas cidades e estados por onde A Família tem passado ao longo desses anos. Sou bombardeado por influências por onde quer que eu vá, mas tenho minha fonte interior que tem voz e que me dirige os pensamentos e sentimentos na hora de compor. Gosto do que me emociona.



3. Como você ve a cena do Hip Hop no Interior Paulista?



Crônica Mendes: O interior de São Paulo é um caldeirão a parte da capital literalmente, muita gente numa época falou que o rap estava fraco, mas elas se baseavam na capital paulista, e na época eu morava no interior, no São Jorge (Hortolândia) e eu ficava pensando. “poxa como o rap está fraco se aqui na quebrada os eventos continuam em alta, os eventos beneficentes continuam arrecadando alimentos dentre outras coisas e distribuindo organizadamente entre as famílias, os shows pagos também estão lotando casas, grandes nomes do rap estão vindo fazer show por aqui...” Eu ficava nessa, onde está essa crise? Ai descobri que, quem entrou em crise foram algumas pessoas e elas estavam jogando isso pra cima do rap. O interior de São Paulo é um dos polos mais resistentes e contundentes da música rap nacional, daqui saíram grandes nomes como Face da Morte, Realidade Cruel, A Família, Sistema Negro, Consciência X Atual, e muitos outros que tem a mesma importância tal qual esses que citei. O interior ou capital, seja como for o reconhecimento para o rap como um todo, é nacional.



4. O que você pensa sobre o hip hop estar se tornando uma cultura transversal, não ficando restrita só aos 5 elementos?


Crônica Mendes: Bom primeiro que eu não acredito que o Hip Hop tem 5 elementos, pra mim somos milhares de elementos que fazem do Hip Hop um movimento cultural, ou uma cultura em movimento, mas somos muitos, muito mais que 4 ou 5 elementos. O público que compra o Cd, DVD, que vai nos shows, também é parte disso, o professor que leva o rap para sua aula como ferramenta de ensino, também é parte disso. São tantos exemplos a serem citados, tem muita vida que move o Hip Hop, e o mesmo está abrangendo novos horizontes, mas isso precisa ser feito com contundência, sem abandonar nada nem ninguém.



5. Deixe sua mensagem para os jovens hip hopers e jovens escritores de periferia:



Crônica Mendes: Nunca faltem com a verdade nem com os sonhos e emoções.



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